Duas xícaras de café deixadas sob a mesa. No fundo o que restou. Assim como nós; no fundo o que restou.
Veio até minha casa com as flores roubadas do jardim ao lado. Mas eu ignorei esse fato. Você estava lá com toda sua altura e óculos de sempre. Eu vestia minha saia preferida.
E então alguém - não me lembro quem foi - sugeriu café, o que foi uma ótima ideia. O café nos deixa mais a vontade; tem a sensação de conforto que ele dá. A gente começa com um gole quente e no fundo da xícara fica o que restou.

O que restou de nós além dessas conversas na varanda e os livros emprestados?
Sexo.

Estávamos deitados no chão da cozinha, com um lençol que embrulhava nossos corpos e tentava dizer que não era só sexo por sexo.
- Quer uma xícara de café?
Me levantei para pegar algo para comermos e da onde te via você parecia uma imagem perfeita para fotografar e guardar perto do coração.

Você se levantou e passou o dedo sobre meu lábio. Depois beijou-o e deixou no fundo do xícara o resto do que foi aquela noite e aquele adeus.

Pó de café.

No fundo, você só encontrou o que restou do meu amor.

_

Deixe um comentário