Imagem: Madonna

Quis acender um cigarro, mas apenas se calou.
O vento vinha com força, bagunçava os cabelos e provocava os poros de seu corpo. Manu aproximou os braços tentando se esquivar do frio. Poderia ir para a cama. Ver um filme, quem sabe. Mas preferiu continuar ali, de camiseta, na sacada do apartamento, sentindo tudo com força sem que precisasse explicar para ninguém.
Sua forma de viver era como um álbum do Cazuza. Solidão que nada!
As costas estavam no batente gelado da porta, o corpo sentia a noite e ela era uma mulher estrela contínua em suas próprias maneiras. Concluía na mente um poema, repensava o título e cedia ao cigarro. Tragou sua própria intensidade. A mesma observada na rua com óculos escuros.
Sorriu na malícia de saber que um cigarro não seria o suficiente e que uma tragada a faria desejar muitas outras.
Era assim, como o vento que batia as janelas e mexia com os poros de quem estivesse por perto. Achava uma delícia!
Exatamente como estava sendo, como um disco do Cazuza, boca, nuca, mão e a tua mente não. Vestindo uma camiseta e com um copo de café coado após a meia noite.

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